Data de publicação: Terça, 14/01/2014, 17:14h.
Colegas, médicos e médicas do Brasil,
Iniciamos 2014 e quero desejar a todos saúde, paz, harmonia e vitórias no plano pessoal, desejos extensivos aos amigos e familiares. No plano profissional, que consigamos realizar com ética a medicina técnica, científica, mas também profundamente humana, com conhecimento e eficiência o trabalho que aprendemos com muito estudo, esforço, dedicação, alegria, e que nos coloca a serviço da sociedade e dos cidadãos brasileiros.
Colegas, sabemos que 2013 foi um ano difícil. O Governo Federal comprou um confronto com a categoria médica, com uma violência poucas vezes vista na história. Na ânsia de confrontar e nos jogar contra a sociedade, o governo apelou de forma vil para as agressões gratuitas e fomos taxados de burgueses, xenófobos, racistas, desumanos, e outras adjetivações baixas. Faz parte, infelizmente, da política deste governo dividir a sociedade entre ricos e pobres, brancos e negros.
Nós fomos escolhidos, dentro de um plano de marketing, para sermos jogados para a ira dos outros profissionais da saúde e da sociedade, desassistida pelo descaso da administração federal. A categoria médica foi tomada como vilã e os verdadeiros culpados pela atual situação fugiram de seus imensos fracassos na gestão da saúde.
Nesse jogo político pesado, visando o ano eleitoral, o governo tentou sufocar nossa categoria, justamente por suas características de independência: boa formação intelectual, posição crítica em relação à gestão, posicionamento sobre como deveria funcionar a saúde, não cooptação pelo projeto político, capacidade de articulação e organização. E a presidenta nos elegeu inimigos e decretou guerra.
Nesse contexto é natural que surjam as dúvidas. Nossas instituições nos representam? Nossos líderes estão preparados para esse enfrentamento? Eles defendem realmente os nossos interesses? Os sindicatos são importantes? Quem me representa nas entidades médicas? O que dizem as Leis? Pela legislação, quem tem prerrogativas para defender e ser porta voz dos médicos são os sindicatos, daí que a contribuição sindical deve ser paga anualmente de forma compulsória. Essa contribuição é obrigatória, porque os sindicatos representam todos os médicos de sua base.
Não há categoria forte sem instituições fortes. Durante algum tempo os sindicatos passavam a impressão de serem aparelhos políticos de partidos ou do governo, e algumas vezes foram. Mas, a crescente cobrança dos médicos, as responsabilidades de negociar pela categoria num âmbito de reajustes conquistados à custa de duros embates, diferente da época da inflação e da indexação, tem forjado um modelo de atuação mais sintonizado com as expectativas da categoria, daí as lutas permanentes por condições de trabalho e remuneração justa.
Há muitas queixas de que as entidades não tem representado à altura à classe médica brasileira. Eu, com toda humildade, digo que nunca a Federação Nacional dos Médicos (FENAM) trabalhou tanto. Temos procurado responder às demandas da categoria com mobilizações, manifestações, greves e ações judiciais. Além disso, temos participado de audiências no Congresso Nacional e nos tribunais de justiça defendendo a categoria. Perguntam muito porquê não fizemos ou não faremos uma greve geral dos médicos brasileiros contra essas medidas do governo que tem infernizado a nossa vida? Digo que estamos atentos às oportunidades. Eu bem que desejaria liderar uma greve geral dos médicos. Mas, para isso, há um ritual da Lei, a necessidade de apoio da maioria dos médicos nas assembleias dos sindicatos. Apesar da posição de membros das Redes Sociais ser favorável à greve, isso ainda não se materializou como um desejo da maioria dos médicos nas assembleias. O pior que poderia acontecer para uma entidade seria conduzir seus representados para uma luta desorganizada.
Temos tido reuniões frequentes com os sindicatos. As questões locais sempre foram mais motivadoras que as nacionais. Três fatos deslocaram a luta local para o eixo nacional: a questão dos médicos federais, os vetos ao Ato Médico e o programa Mais Médicos. E, recentemente, a demissão de brasileiros para serem substituídos pelos médicos “cabos eleitorais do governo”. Se essas questões de fato motivam as bases, talvez 2014 seja o ano de ações mais fortes.
A FENAM está passando por uma transição, a cobrança de ações, a mobilização nas Redes Sociais, o desejo de opinar e participar dos médicos trouxeram reflexões de que algumas medidas eram necessárias. Isso tem gerado alguma reação interna de sindicatos que não se livraram do aparelhamento partidário ou de lideranças que fizeram de seus cargos usufruto pessoal, com poucos serviços prestados à categoria. Mas, somos maioria e estamos conseguindo livrar o movimento sindical da praga da subserviência ao PT e ao Governo Federal.
Vamos ter uma FENAM independente e mais forte em 2014, defendendo os interesses legítimos dos médicos brasileiros. Algumas vezes nos perguntam sobre sindicatos ou presidentes de sindicatos que são ligados a partidos ou ao Governo e não representam os médicos. O que fazer? Criamos uma Comissão de Ética na Fenam e quem usar os sindicatos para interesses pessoais e não os dos médicos serão acionados. Os sindicatos se legitimam quando representam sua base e tem pelo menos 30% dessa base sindicalizada.
Eu peço a todos que participem, que compareçam às assembleias, que questionem, contestem e exijam. Os sindicatos não são dos dirigentes, e sim dos médicos. Alguns, decepcionados, às vezes, perguntam se não é melhor deixar de pagar às entidades, já que elas supostamente não os representam. Eu digo, essa é a forma mais elementar de perder as lutas, de enfraquecer as entidades. Só teremos categoria forte, se tivermos as entidades fortalecidas.
Desafios sempre teremos, e nossa capacidade de reagir, resistir, enfrentar, avançar será testada exaustivamente nesses próximos anos. Essas lutas não me intimidam, nem as dificuldades que atravessaremos me desanimam. Uma coisa, no entanto, é necessária: que a luta por condições de trabalho e remuneração justa de cada um seja de todos. Que nos unamos e participemos nas horas que formos convocados para manifestações, paralisações, audiências, votações no Congresso Nacional ou greves. Há muitas formas de luta. Certos de que estaremos juntos nas batalhas e desafios de 2014, desejo a todos que consigamos, com os frutos dessas lutas, o exercício ético, científico e humano que sonhamos para a nossa profissão. Os sindicatos existem para garantir isso. É a luta que faz com que não sejamos mera conveniência simbólica.
Fonte: Geraldo Ferreira - Presidente da FENAM
Fonte: FENAM
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