Data de publicação: Quarta, 26/06/2013, 10:16h.
A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT denunciou na segunda-feira (24) que em todos os grandes hospitais brasileiros persistem filas de até cinco anos para que um paciente do SUS seja operado para receber uma prótese. "As filas existem não por falta de médicos, mas porque o governo não financia a infraestrutura, não dá condições de trabalho, principalmente na área de urgência e emergência e faltam salas cirúrgicas, ambulatórios, equipamentos para anestesia, aparelhos para exames de imagem, material e financiamento", afirma a entidade.
Ao anunciar total apoio da SBOT ao manifesto “A Saúde Pública e a Vergonha Nacional”, divulgado pelas principais entidades médicas nacionais, o presidente da entidade, Flávio Faloppa, garantiu que “os 10 mil ortopedistas brasileiros são mais que suficientes para atender a toda a população necessitada, eliminar as filas nos hospitais, desde que sejam dadas a eles as mínimas condições necessárias”.
Enquanto essas condições não são garantidas e o governo federal engana a população, dizendo que basta trazer médicos de fora para resolver o problema, “há dezenas de milhares de vítimas de acidentes de trânsito, de motocicleta, principalmente, incapacitados de trabalhar porque não há condições de infraestrutura para promover a cirurgia reparadora”, insiste Faloppa, para quem o mais grave problema do setor é a falta de atendimento decorrente da carência de meios, não de médicos.
Segundo o especialista, o símbolo dessa carência de infraestrutura pode ser visto toda manhã nas estradas por onde trafegam dezenas de ambulâncias vindas das cidades do interior para descarregar os pacientes nos poucos hospitais das capitais que têm infraestrutura, como o equipamento adequado para atender a um politraumatizado ou a um idoso que sofreu uma fratura decorrente da osteoporose.
Flávio Faloppa, que integra os quadros do Hospital São Paulo, pertencente à Unifesp, exemplifica dizendo que no hospital em que trabalha, um dos melhores do Brasil, a fila para colocar uma prótese de quadril, de joelho ou para uma revisão – substituição da prótese após uma década de uso – é de cinco anos. “Mas eu tenho médicos, pós-graduandos, professores, anestesistas e pessoal de enfermagem mais que suficiente para zerar essa fila em pouquíssimo tempo, se houvesse recursos para fazer mais de duas próteses por semana, que é o número que nossa equipe está autorizada a fazer. Temos depoimento de dezenas de ortopedistas, os quais, idealistas, foram trabalhar em cidades pequenas, logo depois de se formarem, e acabaram voltando”, diz ele, “porque o médico é o elo final de uma corrente que precisa preexistir, ou então o profissional se torna inútil”.
EXAME RIGOROSO É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO
A SBOT lembra também que um médico formado no Brasil só recebe o título de Ortopedista depois de passar pelo TEOT, um exame muito rigoroso, que só na parte teórica tem 200 perguntas e demora quatro horas para ser feito, depois do qual o candidato a ortopedista precisa examinar uma pessoa que faz o papel de paciente na frente de um grupo de professores.
Para Faloppa, a Medicina e em especial a Ortopedia, evolui tão rapidamente que, mesmo os ortopedistas formados no Brasil, onde o curso dura seis anos, depois dos quais fazem dois anos de residência médica, seguindo-se a especialização de pelo menos mais um ano, precisam se submeter à Educação Continuada oferecida pela SBOT, para acompanhar o “estado da arte” na Ortopedia. “E não tem cabimento algum que o Brasil importe como ‘médicos’ pessoas que se formaram nas mesmas Faculdades cubanas das quais dezenas de brasileiros escolhidos por sua filiação partidária vieram recentemente diplomados, mas incapazes de passar num exame para validação dos seus conhecimentos o qual, no ano passado, teve mais de 92% de reprovados”, disse.
Para concluir, o presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia afirmou que, “como sempre, o Governo acena com uma solução milagrosa, tenta mostrar que basta trazer alguns milhares de médicos do exterior e o problema estará resolvido, porque essa decisão demagógica é muito mais barata e mais visível do que o trabalho necessário e inadiável, de melhorar a infraestrutura de saúde do Brasil”.
Fonte: AMB
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