29/08/2014 - 10h11 | Atualizado em 29/08/2014 - 10h11
Por Márcio Vieira Muniz - membro emérito da Academia Brasileira de Medicina Militar
Relatórios do Tribunal de Contas da União, da Câmara Federal e do Conselho Federal de Medicina denunciam o descaso que assola as Urgências e Emergências brasileiras, colocando em risco a assistência e a vida de milhões de brasileiros.
Em certos momentos o cenário que se apresenta é semelhante ao dos campos de guerra, expondo a todo instante o descompromisso com a assistência à saúde da população que depende do sistema público de saúde, o SUS.
Outra medida adotada pelo governo federal e questionada é o envio de grande volume de dinheiro para a Organização Panamericana de Saúde, OPAS, presidida por um cubano, em detrimento das unidades federais carentes de recursos. O valor encaminhado daria para financiar o custo de dois INCAs – Instituto Nacional do Câncer ou duas vezes o gasto dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro. Sete estados recebem menos do que a OPAS.
A forma criada para mandar dinheiro para Cuba deveria ser questionada não só pelas entidades citadas, assim como, por toda a população brasileira que precisa dos atendimentos do SUS.
Acompanhando tudo isso vem também a mania de empurrar para os estados e municípios toda a culpa do errado que acontece.
Junto com as atividades previstas para os médicos que vieram de outros países, com o dobro ou triplo do custo dos médicos brasileiros, é fundamental ser criada pelo governo federal a “Carreira de Estado” para os profissionais de saúde, concursados, semelhante ao que já acontece com outras profissões. O estímulo da carreira com promoção pela meritocracia levará os jovens médicos brasileiros ao trabalho no serviço público de qualidade e em qualquer lugar do Brasil.
A rede estruturada e equipada e os profissionais motivados pela carreira progressiva darão ao SUS o êxito que ele merece e permitir alcançar o objetivo pelo qual foi criado.
Os gastos astronômicos com peças de mídia para anunciar o pouco que se faz, devem ser canalizados para a melhoria do sistema de saúde.
Os desvios de rota, ideológicos ou por incompetência, não podem permanecer e a Saúde Pública deve ser motivo de orgulho para a Nação e para nossa população.
- Saúde para o SUS, é o que desejamos.
* Publicado originalmente no Portal do CFM, dia 15 de Agosto de 2014
Aquele choro que tanto nos comoveu é o mesmo choro de muitos em quaisquer emergências e hospitais públicos do Brasil.
Diante da falta de vontade política do Governo de melhorar o atendimento, quem não estaria interessado em pagar pelo sonho de uma boa assistência?
Ocultando a verdade e distorcendo os fatos, a presidente tenta, desesperadamente, contabilizar os últimos dividendos do investimento eleitoral.
Apesar da crise, políticos permanecem enaltecendo o SUS, muito embora só utilizem o Sírio (Hospital Sírio Libanês), onde são recebidos à porta pelos professores-doutores de plantão.