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08/11/2013 - 22h31 | Atualizado em 08/11/2013 - 22h31
Por Linamara Rizzo Battistella - Professora da USP e secretária de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência de São Paulo

O valor da vida

Lembro com carinho e muita saudade de Zilda Arns, médica notável pela simplicidade e exuberância de conhecimentos e formação ética. Zilda sabia como ninguém simplificar a aplicação do conhecimento, sem nunca improvisar! Zilda, pediatra e sanitarista, não precisou rasgar a Constituição ou descumprir a lei para alcançar os objetivos de levar saúde de qualidade para as populações mais carentes.

Vencer a anemia ferropriva e prevenir suas consequências, esse foi o mote da cruzada brasileira contra a anemia, conduzida pelo grande médico hematologista Celso Guerra. A principal estratégia da campanha era estimular o uso de panela de ferro, algo tão simples quanto inovador e com resultados surpreendentes.

Grandes especialistas que fizeram diferença na saúde da população. Neste mês em que a Constituição cidadã completa 25 anos, vale resgatar exemplos históricos, registros de um passado que mostra a ação de grandes médicos no âmbito da saúde pública. E avaliar os riscos e desafios que a universalidade da assistência ainda enfrenta no Brasil.

Vencemos barreiras importantes na atenção básica e nas ações de alta complexidade. Alargamos os horizontes da humanização da área com o programa Saúde da Família, incluindo este precioso colaborador que é o agente comunitário.

Vencemos barreiras, mas não superamos integralmente o problema pelo descaso das nossas autoridades no âmbito do SUS.

Acompanhei a batalha de Dário Birolini e vi crescer a possibilidade de salvar vidas com a implantação do sistema de atendimento pré-hospitalar. A ação do resgate influiu na qualificação das UTIs, nos serviços de pronto-socorro e, por conseguinte, nos serviços de reabilitação.

Na intrincada cadeia da urgência e emergência, a ação do policial militar, dos paramédicos e de todos os profissionais da área da saúde espelha a sinergia em favor da vida.

Também estamos vencendo a batalha do câncer, da hipertensão e do diabetes, apenas para lembrar alguns bons exemplos.

Em São Paulo, saúde se faz com qualidade, e qualidade significa investimento na formação dos recursos humanos e na infraestrutura tecnológica e ambiental.

Nossos pacientes, assim como os principais dirigentes governamentais, em São Paulo, podem usufruir de tratamentos de qualidade, comparáveis aos de países mais desenvolvidos. Contam com um arcabouço legal capaz de garantir ao sistema público gratuidade e qualidade dentro das diretrizes constitucionais.

A saúde da nossa população merece respeito. São motivo de profunda preocupação propostas marqueteiras que confundem nossos pacientes e oferecem soluções que não atendem as premissas básicas de qualidade, acesso e resolutividade.

Nosso compromisso de salvar a vida e garantir sua qualidade se inicia na atenção básica.

Vamos juntos, médicos e pacientes, lutar contra ideologias que escravizam e suprimem direitos. Vamos impedir a visão mercantilista e o interesse de grupos que aplaudem as medidas que fortalecem as iniquidades, criando uma assistência de segunda classe, rodeada de publicidade enganosa, desmerecendo o direito à vida.

* Publicado originalmente no Portal do CFM no dia 04 de Novembro de 2013



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