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14/06/2013 - 11h19 | Atualizado em 14/06/2013 - 11h19
Por Washington Barbosa de Araujo - diretor do SINMED Niterói-RJ ([email protected])

Os médicos, a saúde e a política

A classe médica tem uma forma única de relacionar-se com seus clientes em comparação com as demais profissões. A relação médico-paciente é intensa, baseada na confiança e no cuidado com o ser humano.  Em função disso, o médico, como nenhum outro profissional, tem o respeito e uma incrível capacidade de persuasão com seus clientes, levando-os a se submeterem aos mais diversos procedimentos e intervenções recomendadas para a manutenção da saúde.

Pela sua formação e atuação profissional, convivendo e cuidando de pessoas, o médico tem uma grande percepção dos problemas sociais, além da certeza dos problemas que a população enfrenta para garantir a sua saúde.

As mudanças que tanto esperamos nas políticas de saúde pública e na área profissional do médico obrigatoriamente devem passar pelo legislativo. Várias categorias profissionais (advogados, bancários, banqueiros, ruralistas, planos de saúde) e religiosas (evangélicos, católicos) têm suas bancadas no legislativo defendendo seus interesses. Apesar de termos vários colegas envolvidos na vida pública, os médicos que estão no Congresso se elegeram por conta própria e não por comprometimento da categoria. A nossa categoria carece de representantes comprometidos com a saúde e com os médicos, e que desta forma lutem por nossos interesses. Temos que ter uma bancada afinada com os reais interesses da classe e da saúde do povo brasileiro, para que fatos como as dificuldades nas regulamentações da Emenda Constitucional 29 (tramitou no congresso por 11 anos) e do Ato Médico sejam solucionados de forma mais rápida e com resultados efetivos.

Aliado a esses fatores, observamos comumente nas páginas dos jornais uma série de desvios da ética e de comportamento na conduta da gestão pública. Por outro lado, facilmente podemos concluir que a única maneira de afastar os desonestos da política é ocupando os espaços, ou seja: OU AS PESSOAS DE BEM OCUPAM OS CARGOS POLÍTICOS OU OS DESONESTOS CONTINUARÃO REINANDO SOZINHOS NAS DECISÕES DA VIDA PÚBLICA!

A classe médica, pelo exposto, tem uma oportunidade e, mais, a necessidade de entrar na política. Essa é a única fórmula para promover significativas e concretas mudanças nas áreas da saúde e da educação, o que seria fundamental para desenhar um novo Brasil.

Quem não se realizaria em poder participar de forma proativa na construção de um "Brasil Saudável": com saúde, educação e sem corrupção? Esse é um anseio que pertence a cada um de nós médicos. Mas como fazer? Como começar? Sozinho não é possível mudar nada. Frases como “detesto política”, “políticos geralmente são desonestos” e outros lugares comuns, embora inquestionáveis do ponto de vista da percepção individual, pouco ajudam para a construção do coletivo. Se não podemos fazer nada sozinhos, unidos poderemos fazer muito...

Baseados na estreita relação médico-paciente, que leva a uma série de pacientes a nos indagar na época de eleição: "doutor o Sr. tem alguém para indicar para eu votar?", é que podemos afirmar que um médico trabalhando proativamente no período eleitoral tem capacidade de captar 50 votos sem muita dificuldade.

Colegas, permitam-nos um breve exercício matemático:

No estado RJ somos cerca de 80.000 médicos;

Se cada um de nós conseguirmos 50 votos: 80.000 x 50 = 4.000.000 de votos

Com esse total de votos seriam eleitos seis deputados federais e 1 senador, que extrapolado para as 27 unidades federativas nos levaria a obter a maior bancada do congresso: 27 senadores e 162 deputados federais.

Na realidade, esse simples raciocínio matemático somente se concretizará se a ansiedade dos médicos por mudanças for realmente muito forte, pois teremos que quebrar o paradigma do envolvimento efetivo dos médicos com a política em prol da saúde e do País.

A vontade primária de mudança dos médicos também necessitará da ação facilitadora das entidades médicas e das sociedades de especialidades, mobilizando e divulgando as ações necessárias para atingirmos o nosso grande objetivo: formar uma bancada médica SUPRAPARTIDÁRIA comprometida com os médicos, com a saúde e com o país. As entidades médicas e as sociedades de especialidades também precisam entrar nesta luta!

Teremos em 2014 eleições para deputados federais e estaduais e se nos mobilizarmos agora teremos a oportunidade de fazer história e promover significativas mudanças, construindo um País melhor para nós e para nossas famílias, deixando como legado um Brasil mais fraterno, assegurando a qualidade da saúde oferecida ao nosso povo e com interesses dos médicos defendidos, de fato e de direito.

SEM SAÚDE E EDUCAÇÃO NÃO SE CONSTRÓI UMA NAÇÃO!


*Publicado originalmente no Portal do CFM dia 17 de Maio de 2013



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